O Grupo Genotyping, em Botucatu, reúne duas empresas: a Genotyping Diagnósticos Genéticos, especializada em testes genéticos, e a BPI – Biotecnologia Pesquisa e Inovação, prestadora de serviços genômicos de alta tecnologia para indústrias, universidades e institutos de pesquisa. A holding é investida pelo Fundo de Inovação Paulista – formado por recursos da Desenvolve SP, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), FAPESP, Sebrae-SP, Corporación Andina de Fomento (CAF) e da Jive Investments – e por um investidor-anjo.
As duas empresas, que têm a genômica e a inovação como denominador comum, tiveram origem na pesquisa de pós-doutorado em genética da bióloga Débora Colombi, concluído em 2006. Apoiada pela FAPESP, ela estudou a expressão da proteína mitocondrial em Saccharomyces cerevisiae, uma levedura largamente utilizada na transformação dos açúcares da cana em álcool. O estudo genético dessa levedura e suas diversas cepas, para ampliar os conhecimentos sobre a atuação da S.cerevisae no processo de fermentação, tem impacto direto na produção de bioetanol, bem como na fabricação de pães e cerveja.
“Concluído o trabalho, fui procurada por uma usina. Constatei que o processo de produção de açúcar e álcool ficaria mais eficaz se fosse utilizada outra tecnologia para o estudo genético das leveduras utilizadas nas dornas de fermentação”, conta Colombi. Em vez de usar a tecnologia de cariotipagem para identificar e analisar o perfil cromossômico das leveduras, ela propôs que se usasse a de microssatélites, marcador genético que consiste em pequenas sequências do DNA repetidas que possuem conteúdo maior de informação genética.
Para atender a essa demanda, Colombi criou a Genotyping Laboratório de Biotecnologia e, em 2011, teve aprovado projeto submetido ao Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Com o apoio da FAPESP desenvolveu marcadores moleculares para diferenciar cepas de leveduras durante o processo de fermentação do álcool. “A tecnologia de microssatélites foi validada pelas usinas. Revelou-se, de fato, muito mais rápida e eficaz do que a de cariotipagem”, afirma Colombi. A solução foi um sucesso no mercado sucroalcooleiro e a empresa ganhou um investidor-anjo.
Diversificação de mercado
A Genotyping Laboratório de Biotecnologia tinha como principal mercado o setor sucroalcooleiro, o que obrigava a empresa a arranjar meios e modos de sobreviver no período de entressafra da cana-de-açúcar. O domínio da tecnologia de marcadores genéticos abriu uma nova oportunidade de negócio – e de receita: os testes genéticos. “Utilizamos a tecnologia de sequenciamento de segunda geração para oferecer testes genéticos ao mercado”, diz Colombi.
Por um determinado período de tempo, a empresa se dividiu entre as atividades de laboratório genético para o público em geral e de pesquisa e inovação para a indústria sucroalcooleira, universidades e institutos de pesquisa.
O trabalho dobrou sem comprometer as atividades de pesquisa. Em 2013, Colombi submeteu um novo projeto ao PIPE para resolver outro grave problema das usinas: o de contaminação por bactéria. O objetivo era identificar os microrganismos presentes no processo de fermentação e que podem comprometer a produção.
No projeto, a empresa utilizou técnicas de metagenômica para identificar as bactérias e de metatranscriptoma para conhecer a expressão do gene das bactérias que se apresentassem nas amostras. A expectativa era oferecer às usinas uma espécie de kit de solução rápida para os casos de contaminação ao longo do processo de fermentação que, em geral, dura entre seis e oito horas.
O produto ficou pronto e foi batizado com o nome de MetaID. Mas não oferecia respostas com a rapidez demandada pelas usinas. O maior legado do projeto, segundo Colombi, foi o domínio de ferramentas de metagenômica que permitiu à empresa passar a atender a demanda de universidades e institutos de pesquisa por tecnologias relacionadas com transcriptoma, sequenciamento completo de genoma, descobertas de variantes, entre outros. Atualmente, esse conhecimento tem contribuído para a BPI prospectar novos mercados, como, por exemplo, o de cosméticos.
Em 2015, quando a empresa recebeu investimentos do Fundo Paulista de Inovação, uma das recomendações foi dividir as empresas. “Criamos a holding Genotyíng. Agora, a Genotyping Diagnósticos Genéticos atende tudo que é humano; e a BPI faz pesquisa e desenvolvimento”, ela resume.
Hoje a Genotyping Diagnósticos tem 10 funcionários, metade deles com título de doutor, mestre ou especialista, e a BPI, tem cinco, sendo dois doutores. Em 2016 as duas empresas tiveram um faturamento muito semelhante. “Em 2017, tudo indica que o faturamento da Genotyping Diagnósticos Genéticos será maior”, ela prevê.
A diferença de desempenho a favor da Genotyping Diagnósticos resulta, na avaliação de Colombi, do fato de os Planos de Saúde autorizarem, desde 2016, a realização de alguns exames genéticos que utilizem tecnologia de sequenciamento de nova geração (NGS). “E isso conta pontos para a empresa.” Em contrapartida, ela diz, a retração no desempenho relativo da BPI pode estar relacionada à redução da oferta de verbas oficiais para o patrocínio de pesquisas nas universidades e institutos de pesquisa e a menores investimentos do setor sucroalcooleiro.
A despeito desses problemas, o marcador genético da BPI para identificação de leveduras, batizado com o nome de LeveID, já é utilizado em 30 usinas nos estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná. E a empresa quer ampliar esse mercado.
As pesquisas também avançam. “Seguimos buscando solução para a questão da contaminação de bactérias”, conta Colombi. Apoiada novamente pelo Programa PIPE, a empresa investiga a produção de um kit de identificação de bactérias, com detecção instantânea, utilizando como base nanopartículas de ouro modificadas com anticorpos específicos para a determinação seletiva dos principais contaminantes. “A resposta para a usina sairá em 20 minutos”, adianta.
Genotyping Diagnósticos Genéticos
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BPI – Biotecnologia Pesquisa e Inovação
http://bpibiotecnologia.com.
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