Realização do aconselhamento genético dirá qual o exame mais adequado para cada caso.
As doenças genéticas consistem em afecções causadas por alterações em nosso material genético e podem ser divididas em cromossômicas, monogênicas e poligênicas. As doenças cromossômicas são causadas por alterações estruturais ou numéricas no cromossomo. Enquanto que as monogênicas são causadas por mutações nas sequências de DNA de um único gene, e as poligênicas ocorrem pela combinação de alterações em mais de um gene ou por influência do meio e outros fatores ambientais.
Atualmente, essas doenças podem ser detectadas através de técnicas moleculares, como por exemplo, o sequenciamento, que pelo processo de determinação da ordem de bases (A, C, T, G) de um fragmento de DNA, identifica se o gene alvo apresenta alguma alteração ou não.
A técnica de sequenciamento Sanger, criada na década de 70, permitiu o diagnóstico de várias doenças monogênicas, sendo ainda considerada padrão-ouro pela capacidade de detectar mutações de pontos e pequenas deleções e inserções em genes isolados.
Com os avanços nas metodologias de sequenciamento e a utilização do Next Generation Sequencing (NGS), a possibilidade de sequenciar grandes regiões específicas de DNA passou a ser cada vez mais rápida e eficiente, podendo ser utilizada como ferramenta no diagnóstico molecular de grande parte das doenças genéticas. Esse diagnóstico possibilita antecipar problemas e atuar, sempre que possível, no tratamento da doença. Além disso, permite o aconselhamento genético, uma vez que passa a ser possível a definição do risco da doença se repetir na família.
O sequenciamento NGS permitiu a análise de diversos genes em um exame único: os Painéis de Genes.
A principal aplicação observada pelos médicos é a agilidade de se concluir um diagnóstico, o que otimiza o acompanhamento do paciente e auxilia na tomada de medidas médicas especificas.
Com este tipo de exame é possível investigar todos os genes que já foram relacionados com alguma patologia ao mesmo tempo.
Esses painéis permitem ao médico um possível diagnóstico em casos onde outras abordagens e análises de genes mais comuns pesquisados se mostraram pouco conclusivas. Permite ainda que se obtenha de forma mais rápida resultados de testes em genes raros que levariam muito tempo para sua padronização.
Mais recentemente, esses avanços nas metodologias de sequenciamento e o desenvolvimento de novas plataformas automatizadas permitiram que fosse possível realizar em uma única análise, o sequenciamento de todos os genes do nosso genoma (Sequenciamento do Exoma). Estima-se que na espécie humana existam cerca de 22.000 genes, e o termo Exoma refere-se à parte desses 22.000 genes que possuem a função de gerar uma proteína, os éxons.
As principais indicações do Sequenciamento do Exoma são:
• Casos de suspeita de doenças de caráter genético, como alteração cromossômica, já investigadas por outras metodologias e que permanecem sem conclusão;
• Casos de doenças com heterogeneidade genética, que são causadas por mutações em mais de um gene;
• Casos de apresentações clínicas com sobreposição de sinais e sintomas, que dificultam a definição de uma doença específica.
A grande vantagem do Sequenciamento do Exoma está no fato de analisar todos os genes ao mesmo tempo. No entanto, trata-se de um exame de técnica, análise e interpretação complexa, portanto é um exame de alto custo.
Sendo assim, o sequenciamento de genes únicos e painéis de genes continuam sendo de grande importância, quando há uma suspeita diagnóstica clara e bem direcionada e a definição de genes associados a ela.
A melhor maneira de definir o exame mais adequado para cada caso é a realização de aconselhamento genético. Um médico geneticista poderá avaliar o paciente e indicar o melhor exame para garantir o diagnóstico correto.
Daíse Sás e Larissa Lima
Genotyping Diagnósticos Genéticos