Objetivo é conscientizar as mulheres sobre a importância de procurar o médico caso algum dos sintomas seja identificado.
O novo estilo de vida adotado pela sociedade brasileira, acompanhado dos avanços da tecnologia e globalização, aumentou a exposição à morbidade do câncer, doença de grande impacto no mundo contemporâneo. Em um país com mais de 200 milhões de habitantes, a estimativa para os anos de 2016/2017 no Brasil, é que ocorram 596 mil novos casos de câncer no país, dos quais cerca de 300.800 acometerão a população feminina, destacando-se os cânceres de mama e ovário, com expectativas de 57.960 e 6.150 novos casos, respectivamente.
Para o câncer de mama, contamos com a mamografia como método efetivo para a identificação de tumores, ainda que estes não possuam sintomas. Entretanto, para o câncer de ovário, os recursos de ultrassonografia e exames de sangue se mostram insuficientes, e a maioria dos tumores de ovário acaba sendo diagnosticada em estágio avançado, após a mulher relatar ao médico o aumento do volume abdominal (inchaço contínuo), dificuldade para se alimentar (sensação de plenitude), alterações menstruais e/ou aumento da frequência e urgência das micções.
Diante destes fatos e pensando na conscientização em escala mundial, foi criado em 2012 o “Dia Mundial do Câncer de Ovário” (http://ovariancancerday.org/pt), o qual é comemorado no dia 8 de maio e possui apoio de diversas organizações da área da saúde.
A origem do câncer é um processo complexo e multifatorial, tendo como fatores de risco conhecidos: idade, estilo de vida e hereditariedade. Embora o câncer hereditário represente apenas 5 a 10% dos casos de câncer, existem diversas síndromes genéticas que podem predispor ao desenvolvimento de tumores, como: Síndrome de Li-Fraumeni, Síndrome de Lynch, Síndrome de Peutz-Jeghers, Síndrome de Cowden, Síndrome de Câncer de Mama e Ovário Hereditário, entre outras.
Sabe-se que para os casos de câncer de mama e ovário a história familiar está ligada a elevação do risco de desenvolvimento desse tipo de neoplasia e cerca de 30% das mulheres jovens que desenvolveram estes tumores tendem a apresentar um padrão genético de predisposição para a doença.
Os principais genes associados ao câncer de mama e ovário hereditários são os genes BRCA1 (BReast CAncer 1) e BRCA2 (BReast CAncer 2). Ambos os genes são classificados como supressores tumorais e exercem papel importante nos processos celulares, de reparo, replicação e transcrição do DNA. Mutações em BRCA1 e BRCA2 podem estar distribuídas ao longo de todo o gene, e quando presentes conferem maior predisposição ao câncer de mama e ovário hereditário.
Os testes genéticos para detecção de mutações nos genes BRCA são indicados para indivíduos com familiar portador de mutação conhecida nestes genes e em indivíduos que, segundo critérios do National Comprehensive Cancer Network (NCCN), são considerados como população de risco.
Tais testes genéticos, aos poucos vêm adquirindo maior espaço, inclusive se tornando de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, quando preenchidos os critérios do novo rol da ANS (Agência Nacional de Saúde). Isto vem ocorrendo em virtude das opções preventivas disponíveis aos portadores de mutação e do potencial da medicina genômica no que diz respeito ao estudo de terapias inovadoras e personalizadas para o câncer.
O acompanhamento regular com o médico proporcionará aos pacientes o esclarecimento sobre riscos, prevenção e elegibilidade para testes genéticos.
Por Larissa Lima – Especialista em Oncologia